sábado, 15 de março de 2014

Uma breve visão do futuro


Adaptado a partir de anotações encontradas numa agenda perdida em algum ponto 
dos subterrâneos de uma grande capital brasileira, que interpretei como sendo 
os bem intencionados planos de um pai para os seus filhos ainda por nascer.

Eu tenho um sonho.

O sonho é que meus filhos possam crescer e viver em segurança.

Eu tenho um sonho, e sei como realizar esse sonho.

O sonho se tornará realidade se nós construirmos, juntos, três pilares.

O primeiro pilar é uma excelente condição financeira, bem superior a média da população. Isso depende, claro, de uma boa educação formal. Eles devem frequentar escolas de alto nível (assim entendido: que os preparem para o mercado de trabalho), fazer atividades extracurriculares, intercâmbios, para que possam se destacar e conseguir empregos bem remunerados, ou ser empreendedores de sucesso.

O segundo pilar é consciência social.

Eles precisam entender o mundo, sem ingenuidades ou romantismos. Não podem abrir a guarda, acreditar em balelas como direito a “tratamento humano” para criminosos ou que violência se combate com “igualdade social”. Quanto mais gente acredita nessas besteiras, mais aumenta a vagabundagem. Eles, não. Precisam saber que bandido é bandido, não é gente como nós. Só sabendo disso, é possível construir o terceiro pilar.

O terceiro pilar é o cuidado.

Eles devem morar em lugares seguros. De preferência, condomínios com seguranças armados e portões duplos. Tem que manter a devida distância de pessoas estranhas ou suspeitas. Evitar bairros periféricos, caminhos escuros. E, como não é possível passar a vida inteira dentro dos muros dos condomínios, precisarão de mais uma coisa: carros blindados. Quando tiverem que sair às ruas, que saiam bem protegidos.

Que tenham educação para ganhar dinheiro, que usem o dinheiro para garantir sua segurança, e que tenham a consciência social para não ter pudores em, se necessário, passar por cima dos vagabundos com seus minitanques. Assim, eles poderão viver em segurança.

Esse é o meu sonho. Dos pesadelos, eu nunca consigo me lembrar quando acordo.





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