sábado, 11 de janeiro de 2014

Adeus Homeland!


Aviso: não leia, a menos que já tenha assistido até o último segundo do último capítulo da terceira, e derradeira, temporada!

Alerta dado, estamos fora da zona de segurança. Só em 2014 consegui assistir aos dois últimos episódios de Homeland. A série que, em minha opinião, teve duas primeiras temporadas excelentes e uma terceira que iniciou bem chatinha, termina com episódios finais eletrizantes. Sim, termina, porque o final desta temporada marca também o final da série como nós a conhecíamos.

O motivo principal da grande diferença entre o nível dos primeiros capítulos e os da metade final é flagrante: Nicholas Brody, o personagem que não veremos mais. E, por não termos mais Nicholas Brody, é que considero encerrado o ciclo criativo que deu origem a série. O que virá na quarta temporada, não sei, pode ser até uma série ainda melhor (acho difícil). Mas da “Homeland” original só terá o nome e alguns outros resquícios.

Porque o foco da narrativa sempre foi Brody. O personagem, ao longo das três temporadas, transitou por todos os arquétipos, sendo desenvolvido sempre com maestria. Foi uma sombra, foi um herói, foi uma vítima, e, na maior parte do tempo (a melhor parte) não tínhamos a menor ideia de quem ele era. Pelos olhos de Brody vimos que as bombas também caem do lado de lá, aliás, sabemos que caem muito mais por lá do que em qualquer outro lugar. E que chamar um bombardeio de terrorismo ou “ato de guerra em defesa do mundo livre” depende apenas do ponto de vista.

Ironicamente, o próprio personagem apenas no último episódio percebeu o quanto essa distinção é irrelevante. Que, não importa o nome que se use, no fim das contas são apenas assassinatos, e ele não poderia se redimir dos seus crimes anteriores cometendo outros. Atingida essa consciência, de que todos os caminhos que trilhou estavam terrivelmente errados, não havia mais saída.

Mas, e Carrie? A agente da CIA, com toda a bipolaridade, sempre foi uma constante. O único fator real de desequilíbrio na vida de Carrie, a única fonte de conflito, sempre foi Brody. O problema psicológico serviu como alegoria, como máscara (aliás, nesta terceira temporada, uma máscara absolutamente confessada). Seus conflitos internos nunca foram fortes o bastante para desviá-la dos seus objetivos. Ela nunca viu o outro lado, nunca teve dúvidas. Não deixou de ser uma personagem fantástica, claro... quando interagia com Nicholas Brody. Perseguindo-o, amando-o, ou sofrendo por causa dele, a série sempre transitou entre Carrie e Brody. Por eles, aturamos a insossa família Brody, a crise interminável no casamento do Saul, e até o comportamento blasé do Quinn, o agente-clichê.

Adeus, Homeland. Espero que a série que entrará em seu lugar, com o mesmo nome, mesma equipe criativa (espero), e muitos de seus atores, alcance o mesmo nível.

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