Aviso: não leia, a menos que já tenha assistido até o último
segundo do último capítulo da terceira, e derradeira, temporada!
Alerta dado, estamos fora da zona de segurança. Só em 2014
consegui assistir aos dois últimos episódios de Homeland. A série que, em minha
opinião, teve duas primeiras temporadas excelentes e uma terceira que iniciou
bem chatinha, termina com episódios finais eletrizantes. Sim, termina, porque o
final desta temporada marca também o final da série como nós a conhecíamos.
O motivo principal da grande diferença entre o nível dos
primeiros capítulos e os da metade final é flagrante: Nicholas Brody, o
personagem que não veremos mais. E, por não termos mais Nicholas Brody, é que
considero encerrado o ciclo criativo que deu origem a série. O que virá na
quarta temporada, não sei, pode ser até uma série ainda melhor (acho difícil).
Mas da “Homeland” original só terá o nome e alguns outros resquícios.
Porque o foco da narrativa sempre foi Brody. O personagem,
ao longo das três temporadas, transitou por todos os arquétipos, sendo
desenvolvido sempre com maestria. Foi uma sombra, foi um herói, foi uma vítima,
e, na maior parte do tempo (a melhor parte) não tínhamos a menor ideia de quem
ele era. Pelos olhos de Brody vimos que as bombas também caem do lado de lá,
aliás, sabemos que caem muito mais por lá do que em qualquer outro lugar. E que
chamar um bombardeio de terrorismo ou “ato de guerra em defesa do mundo livre”
depende apenas do ponto de vista.
Ironicamente, o próprio personagem apenas no último episódio
percebeu o quanto essa distinção é irrelevante. Que, não importa o nome que se
use, no fim das contas são apenas assassinatos, e ele não poderia se redimir
dos seus crimes anteriores cometendo outros. Atingida essa consciência, de que
todos os caminhos que trilhou estavam terrivelmente errados, não havia mais
saída.
Mas, e Carrie? A agente da CIA, com toda a bipolaridade,
sempre foi uma constante. O único fator real de desequilíbrio na vida de
Carrie, a única fonte de conflito, sempre foi Brody. O problema psicológico
serviu como alegoria, como máscara (aliás, nesta terceira temporada, uma
máscara absolutamente confessada). Seus conflitos internos nunca foram fortes o
bastante para desviá-la dos seus objetivos. Ela nunca viu o outro lado, nunca
teve dúvidas. Não deixou de ser uma personagem fantástica, claro... quando
interagia com Nicholas Brody. Perseguindo-o, amando-o, ou sofrendo por causa
dele, a série sempre transitou entre Carrie e Brody. Por
eles, aturamos a insossa família Brody, a crise interminável no casamento do
Saul, e até o comportamento blasé do
Quinn, o agente-clichê.
Adeus, Homeland. Espero que a série que entrará em seu
lugar, com o mesmo nome, mesma equipe criativa (espero), e muitos de seus
atores, alcance o mesmo nível.
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