domingo, 12 de janeiro de 2014

Brasil!


“O Brasil nunca vai dar certo!” Já cansamos de ouvir essa frase, ou variantes com o mesmo significado. Os culpados variam: ora é o presidente sociólogo, ora o presidente operário; também podem ser os deputados, os juízes, os ianques, os comunistas, ou o próprio povo. Mas a afirmativa é indiscutível, insofismável: o Brasil é, sempre foi, e sempre será, um fracasso!

Nélson Rodrigues chamava isso de complexo de vira-lata. Outros chamam de realismo. Divirjo de todos, e contesto a própria afirmação inicial. O Brasil, na verdade, é, sempre foi, e caminha para continuar sendo, um sucesso. Essa visão negativa sobre o desempenho do nosso país decorre de um profundo e fundamental erro de avaliação.

Sim, é um choque, uma ruptura traumática, simplesmente imaginar que possamos estar enganados desde sempre e o Brasil, de fato, seja um “case” de sucesso. Mas é a pura verdade, como poderemos concluir a partir de uma análise detalhada e criteriosa.

O ponto principal é: para aferir o sucesso ou fracasso, precisamos considerar, antes de qualquer coisa, os objetivos ao qual a iniciativa se propunha. Peguemos como exemplo o Michel Teló. Muitos podem achar que ele é um artista limitado, que as músicas dele são abomináveis. Porém, levando em conta o que ele se propôs a fazer - música popular, “pegajosa”, que estourasse nas paradas – não há dúvida de que obteve sucesso.

Com o Brasil, ocorre o mesmo. Pensamos que está tudo errado, que o país não vale nada, mas nossa visão está completamente enviesada, sem olhar o principal: qual foi o propósito? Quais foram os objetivos buscados?

Ora, podemos afirmar sem medo que, desde que o primeiro português deu o primeiro chute na bunda de um índio, o Brasil sempre cumpriu com maestria seus objetivos. Senão, vejamos: fomos colonizados com o objetivo inicial de enriquecer a nobreza e a elite comercial portuguesa. Sucesso total, além das expectativas: a nobreza lusa chegou a vir morar no Brasil, fugindo de Napoleão. Aqui, viveram nababescamente até que a situação política européia forçasse sua volta. Se na Europa eram reis, aqui eram sheiks. Pouco depois, as oligarquias locais se viram melhor representadas por uma República, e fez-se a mudança que não mudou nada, como aconteceria de novo ainda outras vezes.

A história é longa, mas sempre igual: o objetivo principal a que se propôs o Brasil, desde sempre, foi de preservar os privilégios de pequenos grupos da população, as tais “elites”. Podem ser nobres, traficantes de escravos, fazendeiros, empreiteiros, usineiros, banqueiros, “lobbistas”, mas estão sempre lá, se dando bem. O país nunca falhou com eles.

Renato Russo já cantava: “desses vinte anos, nenhum foi feito pra mim”. Pro caso do Brasil, basta somar mais uns quinhentos. Então, quando vir de novo notícias sobre chacinas em presídio, trabalho escravo, pessoas morrendo em desabamentos nas favelas, não pense que tem algo de errado. Está tudo sob controle. De fato, as coisas só ficam fora de lugar quando meia dúzia de baderneiros resolve reclamar, vandalizar, se organizar nesses “movimentos sociais”, como se o país também fosse deles. Nunca foi. Os donos continuam muito bem, obrigado. E esse pessoal derrotista e inconformado devia parar de fazer bagunça, daqui a pouco podem até atrapalhar essa linda história de sucesso. 


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