“O Brasil nunca vai dar certo!” Já
cansamos de ouvir essa frase, ou variantes com o mesmo significado. Os culpados
variam: ora é o presidente sociólogo, ora o presidente operário; também podem
ser os deputados, os juízes, os ianques, os comunistas, ou o próprio povo. Mas
a afirmativa é indiscutível, insofismável: o Brasil é, sempre foi, e sempre
será, um fracasso!
Nélson Rodrigues chamava isso de
complexo de vira-lata. Outros chamam de realismo. Divirjo de todos, e contesto
a própria afirmação inicial. O Brasil, na verdade, é, sempre foi, e caminha
para continuar sendo, um sucesso. Essa visão negativa sobre o desempenho do
nosso país decorre de um profundo e fundamental erro de avaliação.
Sim, é um choque, uma ruptura
traumática, simplesmente imaginar que possamos estar enganados desde sempre e o
Brasil, de fato, seja um “case” de sucesso. Mas é a pura verdade, como
poderemos concluir a partir de uma análise detalhada e criteriosa.
O ponto principal é: para aferir
o sucesso ou fracasso, precisamos considerar, antes de qualquer coisa, os
objetivos ao qual a iniciativa se propunha. Peguemos como exemplo o Michel
Teló. Muitos podem achar que ele é um artista limitado, que as músicas dele são
abomináveis. Porém, levando em conta o que ele se propôs a fazer - música
popular, “pegajosa”, que estourasse nas paradas – não há dúvida de que obteve
sucesso.
Com o Brasil, ocorre o mesmo.
Pensamos que está tudo errado, que o país não vale nada, mas nossa visão está
completamente enviesada, sem olhar o principal: qual foi o propósito? Quais
foram os objetivos buscados?
Ora, podemos afirmar sem medo
que, desde que o primeiro português deu o primeiro chute na bunda de um índio,
o Brasil sempre cumpriu com maestria seus objetivos. Senão, vejamos: fomos
colonizados com o objetivo inicial de enriquecer a nobreza e a elite comercial
portuguesa. Sucesso total, além das expectativas: a nobreza lusa chegou a vir
morar no Brasil, fugindo de Napoleão. Aqui, viveram nababescamente até que a
situação política européia forçasse sua volta. Se na Europa eram reis, aqui
eram sheiks. Pouco depois, as oligarquias locais se viram melhor representadas
por uma República, e fez-se a mudança que não mudou nada, como aconteceria de
novo ainda outras vezes.
A história é longa, mas sempre
igual: o objetivo principal a que se propôs o Brasil, desde sempre, foi de
preservar os privilégios de pequenos grupos da população, as tais “elites”.
Podem ser nobres, traficantes de escravos, fazendeiros, empreiteiros,
usineiros, banqueiros, “lobbistas”, mas estão sempre lá, se dando bem. O país
nunca falhou com eles.
Renato Russo já cantava: “desses
vinte anos, nenhum foi feito pra mim”. Pro caso do Brasil, basta somar mais uns
quinhentos. Então, quando vir de novo notícias sobre chacinas em presídio,
trabalho escravo, pessoas morrendo em desabamentos nas favelas, não pense que
tem algo de errado. Está tudo sob controle. De fato, as coisas só ficam fora de
lugar quando meia dúzia de baderneiros resolve reclamar, vandalizar, se organizar
nesses “movimentos sociais”, como se o país também fosse deles. Nunca foi. Os donos
continuam muito bem, obrigado. E esse pessoal derrotista e inconformado devia parar
de fazer bagunça, daqui a pouco podem até atrapalhar essa linda história de
sucesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário